25 coisas estranhas do Chile

Viver quase um ano no Chile me fez perceber e até mesmo absorver muito da cultura chilena. É tanta coisa estranha (no bom sentido, OK?) que resolvi juntar tudo que lembro em um lugar só. São pequenas curiosidades que notei, e, é claro que tem muito mais!

1. Idioma

Weón, o chilensis é, provavelmente primeira coisa estranha que você vai notar. Mesmo para quem já fala espanhol, chegando no Chile vai ver que é bem mais difícil entender o que eles falam. Tanto pela rapidez, quanto pelas palavras que só existem lá e as gírias, que são muitas. Escrevi sobre o “chilenês” aqui.

2. Pan

Não sei se no céu tem pão, mas no Chile te garanto que tem, e muito! De muitos tipos nunca antes vistos. O mais engraçado é que, em frente ás padarias geralmente tem um quadrinho escrito “hay pan” (temos pão). Ah, vá! Não me diga!

3. Palta

Ou abacate. Quase na mesma proporção do pão, os chilenos consomem a palta. Ela é um pouco diferente do nosso abacate, é menor e mais densa (o abacate eu acho mais doce e mais aguado que a palta – minha opinião). Tem palta no lanche do McDonald´s, no hot dog (que lá é o completo italiano), no sushi, na salada, no pão… enfim, em todas as refeições.

4. Água da torneira

No Chile a maioria das pessoas bebe água da torneira, mesmo. Eu bebi durante todo o tempo que morei lá e nunca tive problemas. Mas, a água é bem “pesada”, tem um sabor estranho, que dizem ser por conta dos minerais.

5. Vinho

Tem vinho de todo tipo preparado de todas as formas: quente, com sorvete, gelado, com frutas, com outras bebidas. Tem até vinho em caixinha tipo de leite! E é muito barato.
Aliás, os chilenos bebem muito. Pisco, vinho, cerveja, drinks. Mas, nada de beber na rua, viu? É proibido.

6. Maconha

Não é legalizada. Mas, o que mais você vai ver é gente fumando tranquilamente pelas ruas e parques. Parece até que todo mundo é maconheiro. Muita gente planta e existem muitas lojas especializadas. A impressão que eu tenho é que a maconha não é tão marginalizada por lá.

Logo na nossa segunda semana estávamos no Parque Florestal e vimos muita gente fumando maconha tranquilamente. A polícia passou pelos maconheiros e não fez nada, em seguida, abordou um casal que estava bebendo cerveja, os levou até a viatura e os multou.

7. Carros

Você não vai ver muitos carros velhos pelo Chile. Os carros custam cerca de três vezes menos que no Brasil. Os carabineiros (policiais) andam de Dodge e Mustang. O turista brasileiro fica louco. É comum ver os homens tirando fotos dos carros dos carabineiros. No Setor Oriente, a parte mais rica de Santiago, é bem comum ver carros de luxo como Ferrari, Porsche e Lamborghini.

8. Banheira com chuveiro

Quase toda casa ou apartamento vai ter essa combinação de banheira com chuveiro. É bem estranho, mas você acostuma. O pior é o chuveiro que: ou não aquece direito, ou aquece demais, e, se alguém abrir a torneira da cozinha enquanto você está no banho já era! Você vai tomar banho gelado.

9. Aquecimento

Tá aí um problema. Até as pessoas que moram em países com temperaturas mais baixas que no Chile passam frio nesse país. O aquecimento a gás é muito caro, então as pessoas acabam usando pequenos aquecedores elétricos no lugar de um aquecimento mais eficaz. O seu quarto pode até estar quentinho, mas levanta pra ir no banheiro a noite pra ver o que vai passar!

 

10. Perigos

O que mais você vai ouvir dos chilenos é pra ter cuidado que é muito perigoso em Santiago, que você deve cuidar dos seus pertences, que tem muito delinquente… Ter, tem! Nós fomos furtados. Mas a diferença está exatamente aí. O assalto a mão armada quase não existe. O máximo que vai acontecer se você “der mole” é um furto. Não é que os chilenos sejam exagerados, mas os parâmetros são outros, o que pra eles é muito perigoso, para nós (dependendo de onde vivemos no Brasil), pode ser bem tranquilo. No meu caso, eu sempre me senti bem segura em Santiago.

11. Asados

Os churrascos que comemos em Santiago foram bem diferentes. Primeiro eles oferecem aperitivos, como biscoitos (estilo Elma Chips), depois vem o choripan (pão com uma espécie de linguiça – parece linguiça, mas tem gosto que está mais para salsicha), isso com muita cerveja, vinho e piscola (pisco com coca-cola). Quando você olha para a churrasqueira tem pouca carne, talvez algum frango também (não sei se é porque a carne é cara, ou porque eles valorizam mais a bebida). Além da carne vir em pouca quantidade, eles não põe o sal grosso antes, como fazemos no Brasil. A carne é assada sem sal e servida com um montinho de sal ao lado. Cada um passa sua carne em cima do sal e fica super salgada. É servido para acompanhar um molho muito parecido com nosso vinagrete, mas é picante, se chama pebre (eu adoro), também fazem batatas com mayonese.
[Que fique claro que eu não estou reclamando. Amo carne e nunca dispenso um churrasco, seja de onde for.]

12. Cueca

Não é isso que você está pensando. Cueca é uma dança típica chilena que representa um galo cortejando uma galinha. Quer algo mais estranho que isso? Você provavelmente só vai ver essa dança se estiver no Chile na época do 18 de Setembro (Fiestas Pátrias).

13. Cachorros de rua

Who let the dogs out? É muito cachorro na rua, viu! Eles são grandes, gordos, muito peludos e, geralmente muito simpáticos. Dá vontade de levar todos pra casa. São tantos cachorros que agora é proibida a venda de cachorros de raça por lá. Esses animais precisam ser adotados.

14. Terremotos

Como brasileira, é difícil acostumar com o fato de que mais cedo ou mais tarde a terra vai tremer e isso deve ser tratado com certa naturalidade. Os chilenos em geral são tranquilos demais com relação a terremotos. Tanto que não é qualquer tremor que recebe este nome. Escrevi mais sobre isso aqui. É estranho estar em um país onde quase tudo pode acontecer: terremotos, erupções vulcânicas, queimadas, tsunamis.

15. Chuvas

A cidade de Santiago, por exemplo, está preparada para terremotos e não para chuvas fortes. Isso porque quase nunca chove por lá. E, quando chove, é aquela garoa marota. E essa garoa causa congestionamentos absurdos na cidade e alagamentos. Se chover um pouco mais forte, é o caos.

16. Trânsito

No Chile o pedestre tem a preferência mesmo. Tanto que o brasileiro chega desavisado e fica esperando na calçada até que não tenha carros para atravessar  a rua e o motorista para o carro e faz um sinal  para você atravessar. Até meio impaciente como quem diz “Atravessa logo, tá esperando o quê?”. Desculpa, não estamos acostumados com essa educação no trânsito. Além disso, se um sinal de trânsito apaga, eles conseguem manter a ordem, se organizam de uma maneira bonita e civilizada. Mas, por outro lado, qualquer coisa é motivo para buzinar. E todos fazem na mesma intensidade. As estradas são ótimas, mas há muitos pedágios e estes são bem caros. Eu vi pouquíssimos acidentes no trânsito. Aqui em Rio das Ostras e em Macaé (RJ) é comum ver muitos acidentes sempre.

 

17. Norte, Sur, Oriente, Poniente

Quando você perguntar a um chileno como chegar a um lugar, provavelmente a resposta vai te deixar ainda mais perdido. Isso porque eles usam os pontos cardeais. Não é tão difícil quando você vê a Cordilheira, ela indica o Oriente e o sentido oposto a ela é o poniente (onde o sol se põe). Aí é só lembrar das aulinhas de geografia do ensino fundamental para saber o norte e o sul.

18. Banheiros públicos

São pagos até mesmo em alguns shoppings e restaurantes. A dica é ir aos museus. Lá eles são grátis.

19. Comércio

É comum que a pessoa deixe de te vender algo por não ter troco. Ou se recusar a vender, mesmo tendo troco. A obrigação de pagar com dinheiro trocado é sua. Assim que os comerciantes pensam. O atendimento, geralmente, é péssimo e lento. Não ficam atrás do cliente perguntando “Posso ajudar?”. Mesmo se você pergunta algo, eles praticamente mandam você se virar. É muito comum o comércio de “ropa americana”, que são brechós (tem uma rua praticamente só deles no centro de Santiago: calle Bandera).

20. La once 

Quando alguém chamar você para  la once (11), está te chamando para um chá “da tarde”, que pode ser as 18h ou 19h, e não às 11h ou 23h. Por isso é difícil explicar a once. Não é às 11, é um chá da tarde que não é a tarde. Acaba sendo a janta, logo. O que se come? Un pancito, una paltita, un tecito (pãozinho, abacatinho, chazinho). Conheço muita gente que é revoltada com la once. Porque pensa que está indo jantar e chegando lá é um lanchinho, apenas e acaba ficando com fome. Por isso achei importante tentar explicar o que é. Entenderam?

21. Café con piernas

Cafeterias onde as garçonetes usam saias bem curtas, as mesas são na rua e sem cadeiras. Os clientes (geralmente velhinhos taradinhos) ficam de pé. Esse é um tipo. O tipo de café con piernas aberto. Tem outros que são fechados com vidros escuros, onde não vemos o que passa lá dentro. Tem cara de strip club. Devem ser con piernas, poto e tetas (pernas, bundas e peitos). Não posso dizer seguramente o que tem lá porque não fui conferir.

Estranho como uma “cafeteria” assim é aceitável em uma sociedade de costumes tão conservadores. O dia que eu andei de short por Santiago me senti até envergonhada. Todos olhavam para minhas pernas. Depois, notei que só adolescentes usam shorts. As mulheres se vestem de maneira bem discreta. Como identificar uma brasileira? Muito fácil! Roupas coloridas, maquiagem, cabelos loiros, salto alto.

22. Propina

Não é o que está pensando. Propina é gorgeta. No Chile há este costume de dar pelo menos 10% de gorgeta ao garçom nos restaurantes. Isso quase todo mundo sabe. O que nem todos sabem é que também se dá propina aos empacotadores nos supermercado. Eles não recebem salário e ganham somente gorgetas.

23. Embalagens dos alimentos

A experiência no supermercado pode ser bem estranha. Você pode ficar com a consciência pesada em estar comprando aquele chocolatinho, por exemplo. Pois nas embalagens vêm escrito em destaque quando o alimento tem muito açucar, ou sal, ou gorduras.

24. Praia

A experiência de ir a praia foi bem estranha para mim no começo. Primeiramente porque não achava que fazia calor suficiente para entrar naquela água geladíssima e não conseguia entender como os chilenos conseguiam tomar banho de mar (mas eu ainda estava no primeiro mês no país, depois de 9 meses, adaptada ao clima, consegui sentir o calor que eles sentiam e encarei um banho de mar). Outra coisa muito diferente pra mim era  estar muito vestida na praia e ver gente com todo tipo de vestimenta, curtindo “apenas de boas”. Tem gente usando aqueles bikinis enormes, outros de fio dental, vi até mulheres de calcinha e sutiã, ao mesmo tempo que outros estavam de casaco, calça e botas. Não tem aquela cobrança do corpo perfeito que temos por aqui. Além disso, todos levam seus cachorros a praia e ninguém fica com nojo de estar compartilhando o espaço com eles (eu particularmente sinto nojo é das pessoas que deixam o seu lixo na praia).

25. Axé Bahia

Os chilenos amam o Brasil e os brasileiros. Tem uma coisa que eles adoram: axé! Aquele lá dos anos 90. Estão só um pouquinho atrasados. Perguntando aqui e ali descobri que isso se deve ao famoso grupo de dança Axé Bahia. Incontáveis as vezes que ouvi sobre esse grupo e o tal do Fabrício. Graças a essa galera, os chilenos sabem dançar “Mãozinha”, “Dança da Manivela”, “Tchu tchu ca” (a do Tigrão), “É o tchan”, e por aí vai. Aí se você disser que é brasileiro, pode ter certeza que sempre vai ter aquele pra perguntar se você baila axé e agora você sabe o porquê.

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E você? O que conhece sobre o Chile? Também notou essas coisas engraçadas?

Lembrando que são as minhas impressões e são muito pessoais. Além disso, baseadas principalmente na cidade onde passei a maior parte do tempo: Santiago. Como os chilenos mesmo dizem, “Santiago não é Chile”, e muito do que expressei aqui pode não ser verdade em outras regiões. Como, por exemplo, a questão das chuvas e também sobre a comida (ouvi dizer que no Sul os asados são muito fartos e o pessoal come muita carne). Deixando bem claro que eu adoro o Chile e que foi difícil demais sair de lá.